sexta-feira, 12 de agosto de 2011


Soneto do Sonho - Augusto dos Anjos






O sonho, a crença e o amor, sendo a risonha
Santíssima Trindade da Ventura,
Pode ser venturosa a criatura
Que não crê, que não ama e que não sonha?!



Pois a alma acostumada a ser tristonha
Pode achar por acaso ou porventura
Felicidade numa sepultura,
Contentamento numa dor medonha?!



Há muito tempo, o sonho, do meu seio
Partiu num célere arrebatamento
De minha crença arrebentando a grade


Pois se eu não amo e se também não creio,
De onde me vem este contentamento,
De onde me vem esta felicidade?!