terça-feira, 16 de agosto de 2011

Pedaço


Não sei porque penso tanto nisso!
Não sei nem se deveria estimular esse tipo de pensamento.
Apesar de que nosso cérebro
não está condicionado a, somente, reagir a estímulos.

Nós somos seres pensantes, racionais,
Além de sermos sentimento
Conduzido, adquirido, sedimentado.

Quando sinto insuficiência de algo,
Procuro o que outrora me completou,
Querendo, desejando, requerendo
Tudo o que você, em mim deixou...

29/03/2011

domingo, 14 de agosto de 2011

Apesar de Você - Chico Buarque


Amanhã vai ser outro dia
Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão
Viu?
Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão
Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Eu pergunto a você onde vai se esconder
Da enorme euforia?
Como vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?
Água nova brotando
E a gente se amando sem parar
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros. Juro!
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido
Esse samba no escuro
Você que inventou a tristeza
Ora tenha a fineza
De "desinventar"
Você vai pagar, e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar
Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Ainda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
E esse dia há de vir
Antes do que você pensa
Apesar de você
Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear, de repente
Impunemente?
Como vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente
Apesar de você
Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Você vai se dar mal, etc e tal
La, laiá, la laiá, la laiá

sexta-feira, 12 de agosto de 2011


Soneto do Sonho - Augusto dos Anjos






O sonho, a crença e o amor, sendo a risonha
Santíssima Trindade da Ventura,
Pode ser venturosa a criatura
Que não crê, que não ama e que não sonha?!



Pois a alma acostumada a ser tristonha
Pode achar por acaso ou porventura
Felicidade numa sepultura,
Contentamento numa dor medonha?!



Há muito tempo, o sonho, do meu seio
Partiu num célere arrebatamento
De minha crença arrebentando a grade


Pois se eu não amo e se também não creio,
De onde me vem este contentamento,
De onde me vem esta felicidade?!